15.10.13

Das palavras dos outros

Embora tenha feito a escolha oposta à autora deste texto, foram muitas das coisas que ela aqui escreve que nos deixaram na dúvida na hora de partir.
Mesmo tendo o coração bifurcado entre o sítio que pertenço e o sítio que escolhi, como ela tão bem escreve, revejo-me em tudo isto (especialmente porque não há melhor bolo de aniversário que o de chocolate do Alves e Alves - este sim, o melhor do mundo)

"Acho que nunca deve ter lido aquela crónica do Miguel Esteves Cardoso onde a sua mãe lhe incita que olhe para o ar de felicidade dos turistas assim que chegam nos autocarros vindos do aeroporto e descem no Estoril, respirando o ar com maresia, semi-cerrando os olhos desabituados que estão do sol e lhe relembra que ele vive no sítio maravilhoso para onde muita gente poupa um ano inteiro para poder passar férias. Sinto o mesmo. [...]
Aqui tenho tudo o que preciso para ser feliz: a minha mãe à distância de 2 minutos de casa se precisar de um colo para chorar, a Marginal todos os dias quando regresso do trabalho, o mar como companheiro, [...], a luz de um céu irrepetível, [...] os rituais de sempre nos sítios que sempre me pertenceram,[...], os bolos de aniversário da Alves e Alves.
[...]
Talvez peque por, aos olhos do meu pai, ser poucochinha e pouco exigente no que peço da vida. [...] O que o meu pai não percebe é que eu não procure uma vida "melhor", desconhecendo ele que não aspiro a nada que me pudesse fazer tão mais feliz que compensasse a minha mudança de altitude e latitude. 
"Não preciso de ter acesso a mais nada: sou eu que vivo no sítio para o qual tu poupas para vir passar férias. Tu desejas um travesseiro da Piriquita o ano todo, eu não salivo de cada vez que penso em algo que comi numa qualquer viagem que tenha feito.

[...] Porque eu não tenho o coração biforcado entre o sítio onde pertenço e o sítio que escolhi. Porque eu escolho permanecer aqui, no sítio onde pertenço."
[...]
Ele continua a achar-me "conformada" como se isso fosse uma coisa má. "Sedentária" e revira os olhos- sei-o bem. Não percebe que não é uma questão de conformismo mas de escolha. Calha eu conseguir, sem esforço, ser feliz no sítio onde pertenço, reitero.
"O que é que ainda cá estou a fazer, pai?" Estou a ser feliz com o muito que tu achas pouco.
Não sou nómada, nasci para ficar. "



Esta é a luz. Este é o azul do nosso céu, assim, sem filtros, totalmente verdadeiro. É ele que tanta falta faz a quem está a quilómetros de distância.

1 comentário:

Insolente disse...

E o sorriso dos nossos amigos... sem ecrãs a atrapalhar :)