30.1.17

Passou-se aqui algum tempo...

....e hoje apeteceu-me voltar. E em vez de voltar para falar de coisas boas, apetece-me reclamar!

Hoje vou reclamar dos cabeleireiros franceses. 

Há muita coisa que eles fazem bem nesta terra, mas uma delas não é, certamente, cortar cabelos. Acho que já passei por uns quatro cabeleireiros diferentes (testei mesmo os mais caros) e nunca, nunca até hoje, saí satisfeita com um corte. A pessoa sai de lá penteada e a coisa até parece que está OK, mas depois lava o cabelo e fica uma bosta. 
Até a cabeleireira da esquina do nosso bairro nos arredores de Lisboa corta melhor que os franceses (que não sabem, por exemplo, fazer um escadeado). É por isso que prefiro ficar meses a fio sem cortar e esperar para o fazer em Lisboa, no sítio do costume, com a pessoa do costume, de onde nunca saí insatisfeita.

Foto do último corte, ainda penteada pelo Sr. cabeleireiro




30.9.15

3 anos de Lyon. Ou como o tempo passa tão depressa


Foi há 3 anos que apanhámos o avião rumo a uma vida desconhecida. 3 anos de um país que nos deu muitas alegrias, que viu a nossa família crescer, que nos trouxe novas pessoas e que, por isso, também nos fez olhar o mundo com outros olhos. Mesmo que voltemos ao lugar de onde partimos, nunca mais seremos os mesmos, levaremos connosco uma bagagem emocional mais rica. Hoje temos saudades do e dos que deixámos, apesar do e dos que a vida nos deu de presente aqui, mas sabemos que um dia esta França - que tão bem nos tem tratado - também nos fará falta. E porque somos do lugar que nos faz feliz, agora somos daqui.

9.9.15

Estupefacção e indignação

Sobre a questão dos refugiados, migrantes - pessoas em sofrimento - , chamem-lhes os nomes que quiserem, não sei se me choca mais as imagens e informações que nos chegam todos os dias, se a intolerância, arrogância, extremismo e estupidez dos comentários que vejo no facebook.

Todos os dias quando me deito na minha cama me lembro, como se de uma oração se tratasse, deste poema de Primo Levi:

"Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece a paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelo e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa, andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entrave,
Que os vossos filhos vos virem a cara."

Primo Levi in "Se isto é um homem"


E como é que as pessoas hoje, perante aquilo que têm sob os seus olhos, teimam em esquecer aquilo que aconteceu na nossa tão recente história?


Ps - Se ainda não leram o livro onde está este poema, recomendo que o façam, com a certeza, porém, de que levarão um forte murro no estômago.

6.9.15

Domingos em família longe da família

Quando somos expatriados, emigrantes, whatever, os amigos e a família são a saudade que mais pesa no coração. Mas a vida empurra-nos para novas pessoas, faz-nos descobrir novas amizade e ensina-nos que é possível aquecer o coração mesmo longe de casa. Aprendemos a criar uma nova família longe da família onde somos recebidos com um sorriso aberto, um abraço apertado, conversas prolongadas e comidas reconfortantes.

Hoje foi mais um desses domingos: "querem vir almoçar aqui? vai ter comida boa, brasileira", dizia a Mirelle (@13anosdepois) ao telefone. Não há como negar um convite destes!
"Mas a sobremesa fica do vosso lado", acrescentou. Ela já sabe que eu gosto de pôr a mão na massa e adoro pesquisar novas receitas para surpreender os amigos. Então mergulhei no meu site de receitas preferido (http://paracozinhar.blogspot.pt/) e resolvi aventurar-me com um semifreddo de curd de limão e framboesas. O resultado foi este:

Foto: instagram @13anosdepois

Para quem pediu a receita no instagram, aqui fica:

Semifreddo de curd de limão e framboesas

Ingredientes:

200ml de natas (devem estar frias) = creme de leite para os leitores brasileiros ;)
100g de queijo creme (philadelphia)
250g de lemon curd 
125g de framboesas frescas (usei das congeladas)
palitos La Reine q.b. = biscoito champanhe
limão e hortelã para decorar (ou framboesas)

Preparação:

Numa taça misture o lemon curd com o queijo creme até ficar bem batido e com uma consistência homogénea. Bata depois as natas até estas ficarem com uma consistência próxima de chantilly e incorpore-as suavemente na mistura anterior até obter a base do semifreddo. Reserve.
Triture depois as framboesas até obter uma espécie de molho.
Forre uma forma tipo bolo inglês com película aderente e verta metade do creme de limão. Sobre este creme coloque uma camada de palitos La Reine previamente embebidos nas framboesas trituradas.
Se sobrarem framboesas trituradas verta-as sobre a camada de palitos - e cubra com o restante creme de limão.
Tape bem com mais película aderente e leve ao congelador durante pelo menos três horas, até que a mistura fique firme e seja possível desenformar e cortar o semifreddo em fatias.
Antes de servir decore a gosto com rodelas de limão e com folhinhas de hortelã.

O resultado da Joana Roque (autora do blog que referi ali atrás) ficou bem melhor que o meu. Ora vejam:

http://paracozinhar.blogspot.pt/2015/08/semifreddo-de-curd-de-limao-e-framboesas.html
O meu precisava de ter ficado um pouco mais no congelador. Mas no final das contas o que importa é que o sabor estava bom e que o domingo foi passado na melhor das companhias!

24.8.15

Confissões

Confesso aqui que estou com vergonha e com preguiça. 

Vergonha por não actualizar este blog há mais de um mês.

Preguiça de o fazer. 

Manter um blog, embora não pareça, requer tempo e trabalho. Isto se tivermos um mínimo de preocupação com aquilo que queremos mostrar aos nossos leitores. E como não gosto de fazer as coisas mal, ou sem a qualidade que me exijo, prefiro não fazer.

Tenho taaantas coisas sobre as quais escrever, sítios que visitei, lugares onde comi, as férias que passei em Portugal, o 1º aniversário da Eva, mas às vezes falta-me tempo e/ou vontade.

Talvez tenhamos mesmo estas fases de silêncio, introspecção, em que queremos viver a vida um pouco mais desconectados. 

Não pretendo acabar com o blog, mas preciso de um pequeno empurrão (mental) para voltar.

Até lá acompanhem todas o que se vai passando por aqui no instagram @veratoucinho

3.7.15

Fête des Mousselines - Tarare

Tarare é uma pequena vila a 40 kms de Lyon. Nunca tinha ouvido falar dela nem me tinha despertado o interesse, não tivesse eu visto uma foto no instagram da sua festa de tecidos coloridos, a Fête des Mousselines.

Esta festa começou oficialmente em 1955 e desde aí realiza-se a cada cinco anos. Para os habitantes de Tarare os anos terminados em 0 e em 5 são, sem dúvida, os mais especiais e todos dão o seu contributo para a fantástica decoração da vila.

Não pude deixar de ir ver, até porque não faço ideia de onde estarei daqui a cinco anos!





19.6.15

Le Puy-en-Velay e o vulcão que se transformou em capela

O bom de se morar em Lyon (para além de outras coisas) é estar a dois passos de muitos sítios interessantes, alcançáveis em menos de duas horas. Um deles é Le Puy-en-Velay.

Esta cidadezinha fica na região de Auvergne, Haute-Loire, e, para quem é religioso, é um importante ponto no caminho de Santiago de Compostela.

A cidade, por si só, já merece uma visita, uma vez que é muito bem cuidada e está cheia de ruazinhas que davam um ótimo cartão-postal. 




Mas Le Puy-en-Velay tem muito mais para ver. Há, no entanto, duas atrações que saltam à vista: o Rocher Saint-Michel d'Aiguilhe e a estátua de Notre-Dame de France.

Mas comecemos pela mais impressionante, o Rocher Saint-Michel d'Aiguilhe.

Imaginem uma capela construída a 82 metros de altura, no topo de um antigo vulcão (o vulcão neck). Para lá chegar é preciso subir 268 degraus e a pergunta que nos ocorre o tempo todo é: como é que eles conseguiram construir isto aqui no ano de 962?! É muito incrível!



Para mon mari a subida teve um extra de quase 8 quilos que se chama Eva (haja pernas musculadas)!



A segunda grande atração de Le Puy é a (enorme) estátua Notre-Dame de France. Fica a 757 metros de altitude e mede 16 metros (22,70 se contarmos com o pedestal). A imagem da Nossa-Senhora é toda feita em ferro de antigos canhões. Para lá chegar também é preciso subir bastante e é possível entrar no seu interior (é de lá que se tiram as melhores fotos do rocher Saint-Michel d'Aiguilhe e da cidade).


Quando revejo as fotos percebo que não conseguem mostrar, de todo, a dimensão da estátua!


Logo abaixo da estátua está a que eu diria ser a terceira atração da cidade: a catedral Notre-Dame du Puy.


Dizem que o mais interessante é o seu claustro, mas como chegámos à cidade já em cima da hora de almoço, não conseguimos visitar tudo antes do horário de encerramento.

À entrada da cidade há também a fortaleza du Polignac, mas que também não vimos.

Para almoçar sugiro a Place du Plot, que tem vários restaurantes - turísticos claro - mas que servem refeições tardias (o que é raro em França!). Nós escolhemos o Fleur de Sel, uma creperia que, embora não seja a melhor do mundo, é bastante razoável. A decoração é muito, muito fofa, o serviço é super simpático e em dias de sol a esplanada é muito agradável.


Le Puy-en-Velay dá perfeitamente para ir a voltar no mesmo dia a partir de Lyon e é um passeio que vale a pena num destes dias ensolarados!



Informações práticas:

Preço da entrada no rocher Saint-Michel d'Aiguilhe: 3,50€

Preço da entrada na estátua de Notre-Dame de France: 4€

No link de ambos estão também os horários

Entrada gratuita na catedral

O office de tourisme de Le Puy vende um passe para o rocher, a estátua e a fortaleza que custa 9,50€ (é vendido até 11 de Novembro de 2015)

25.5.15

Lyon tem destas coisas

Basta sair uns 20 kms de Lyon e a paisagem já muda completamente. Em 15 minutos estamos no meio da natureza com vários percursos de caminhada disponíveis. 

Aproveitámos mais um fim-de-semana prolongado para encher os olhos de verde e os pulmões de ar fresco.




6.5.15

La Mère Brazier: a ver estrelas

Lyon tem 14 restaurantes com estrelas Michelin, 12 com uma estrela e 2 com duas estrelas. La Mère Brazier é um destes dois. E foi o sítio escolhido por mon mari para me fazer uma surpresa em comemoração dos 15 anos da nossa história.


Esperem um restaurante chique, com um empregado para vos tirar casaco, outro para vos servir o vinho, outro especialista em queijos e por aí a fora. Esperem um ambiente requintado, com poucas mesas e pessoas que quase sussurram. Esperem comida de qualidade, sabores inusitados, criações originais. Esperem pagar bem (mas não os preços ridiculamente inflacionados de um Belcanto, por exemplo). Esperem sair de lá de barriga cheia. Esperem lembrar-se dessa refeição por muito tempo.






La Mère Brazier (fundado em 1921)
12 rue Royale
69001 Lyon

Menús entre 57€ e 180€ (mais barato ao almoço)
Reserva obrigatória

http://lamerebrazier.fr/

Coisas que me causam urticária

Começo a ler um blog que me aparece por acaso no facebook. Leio as duas primeiras linhas e diz "à quase 3 meses". É motivo para parar de o ler imediatamente.

Por favor, digam-me se algum texto tiver erros. Se há coisa que prezo é a nossa língua e fico incomodada se a escrevo mal.