23.6.14

Sigo em busca...#2

...do melhor hamburguer de Lyon.

Acho que nunca referi aqui que, para mim, dos que testei, o melhor é o Big Fernand (nunca tirei fotos decentes do espaço). Os hambúrgueres são bonzinhos e o atendimento é muiiiito simpático. O preço é que não é assim tão agradável. Os menus vão de 14€, a 16€ o que para a fórmula hambúrguer + batatas fritas + bebida me parece muito. De qualquer forma de volta e meia lá vou parar. Pois...acontece!


Foto: Facebook Big Fernand

Foto: Facebook Big Fernand

Foto: Facebook Big Fernand

Mas lá porque gostámos deste, a nossa busca não parou e no fim-de-semana descobrimos um novo espaço que destronou o Big Fernand: Les Burgers de Papa
OK, o espaço é mais pequeno e mais "fast food" que o Big Fernand, mas os hambúrgueres são bastante bons e o atendimento também é simpático. Aqui os menus vão de 10,70€ a 12,60€, sendo que ficam ainda mais perto aqui de casa.




O que é certo é que a pesquisa de terreno vai continuar, afinal, essa é a melhor parte!

22.6.14

Todos à rua!

Ontem aconteceu aquela que, depois da festa das luzes, traz mais lioneses para a rua: a festa da música.

A programação é vasta e se numa esquina há uma banda a tocar rock, na praça a seguir podem estar ritmos africanos. As igrejas enchem-se de coros e podemos mesmo esbarrar com um pianista na nossa rua ou uma orquestra no centro comercial.

Habitualmente é um dia de muito calor, já que é o primeiro dia de verão. Novos e velhos dançam ao som dos seus ritmos preferidos e bebem sempre um pouco mais da conta...

Vale a pena sair de casa, deambular pelas ruas e ir parando um pouco por aí.


16.6.14

Le Nord

Tenho que confessar que estou empenhada em visitar todos os pontos cardeais de Lyon, gastronomicamente falando.

Depois de já ter experimentado o L'Ouest e o L'Est, as brasseries do famoso chef Paul Bocuse, a visita de dois amigos queridos foi a desculpa perfeita para irmos conhecer mais um dos seus restaurantes, desta vez o Le Nord. 


O Le Nord fica na Presqu'île, aquele pedaço de terra ali entre o Rhône e o Saône. É a meio caminho entre a estação de metro de Cordeliers e Hôtel de Ville, ficando, portanto, muito bem localizado. Este norte é mais dedicado à cozinha tradicional lionesa, por isso não será de estranhar encontrar por lá umas comidas mais "pesadas" no cardápio.


Para quem quer comer a bom preço, tal como nas outras brasseries, a melhor opção é escolher o menu do dia onde entrada + prato + sobremesa ficam por 25,60€ (sem bebida), com a garantia de saborear sempre produtos frescos da estação (aliás, esse é um dos pontos fortes da maioria dos restaurantes de Lyon).

Em comparação com os outros pontos cardeais da cadeia Bocuse onde já comemos, o Le Nord é o que tem a decoração mais tradicional e sóbria, porém bastante agradável. De todos achei também o mais calmo, já que as salas são menos amplas que os outros, tornando o ambiente mais acolhedor.

Crédito da imagem: ONLYLYON

Se no L'Est a nossa experiência com o atendimento sempre foi má e no L'Ouest podemos considerar o serviço médio a puxar para o simpático, no Le Nord fomos atendidos com simpatia e delicadeza.

Crédito da imagem: ONLYLYON

Quanto à comida, sinceramente acho que os menus do dia são muitíssimo parecidos em todos os restaurantes (nesse dia tínhamos passado no Le Sud para comparar e a oferta era muito semelhante). O que difere mesmo entre todos eles são os menus à la carte.

Confesso que não me lembro com detalhe do nome do que comi, mas sei que a sobremesa do dia já tinha acabado e que o chef nos propôs uma em substituição que envolvia morangos, framboesas, suspiros, gelado de baunilha e chantilly, a qual não recusei!

6.6.14

Milão (parte II)

Milão é muito mais que o Duomo e a sua praça. É uma cidade cheia de vida, com pessoas nos parques, nas esplanadas, nas ruas...mesmo ao domigo.

E depois tem também os eléctricos fofinhos como em Lisboa (eu sei que já tinha dito isto, mas é que são mesmo parecidos!) 



Mas voltando ao foco aos pontos que visitámos, do Duomo saímos em direcção ao Castelo Sforzesco, outra das atracções turísticas da cidade (se lá quiserem chegar rápido, é favor ignorar as lojas convidativas que vão encontrando no caminho).

Não me alongando na História, Sforzesco foi construído no séc. XV por Francesco Sforza, que se tornou depois Duque de Milão. Ao longo dos séculos sofreu várias alterações e serviu para diferentes funções. Inclusive Napoleão Bonaparte deitou-lhe as mãozinhas e mandou destruí-lo em 1800 para depois o reconstruir à sua maneira.

O castelo alberga hoje vários museus, como o de arte antiga ou a Pinacoteca.




Para lá do Castelo Sforzesco está o Parque Sempione, o maior da cidade. Como em todos os parques urbanos por essa Europa fora, está cheio de gente a apanhar banhos de sol, famílias a fazer pic-nics ou desportistas a praticar a sua corridinha.


No fim do parque está o Arco della Pace (Arco da Paz), que não é mais do que o Arco do Triunfo milanês (sim, também foi Napoleão que o mandou construir numa de "cheguei, vi e venci").


Do parque Sempione fomos em busca da igreja San Maurizio, que o nosso amigo garantiu ser a mais bonita de Milão.

Se por fora não tem nada de especial e não convida a entrar, por dentro é outra conversa. O Carlo não nos tinha mentido e San Maurizio deve ser mesmo uma das igrejas mais bonitas de Milão!



Esta igreja reserva-nos duas surpresas: o espanto quando entramos e damos de caras com os incríveis frescos; e uma segunda sala com pinturas igualmente lindas. Então, não deixem de passar pela porta pequenina que nos leva até aqui:




Antes de se dirigirem a qualquer um destes monumentos, vale a pena verificar os seus horários. Nós tivemos a sorte de lá chegar mesmo antes da igreja fechar.

Não muito longe dali está a Basílica San Ambrogio, outro dos pontos turísticos de Milão.



Nesse fim-de-semana não só esta como outras igrejas estavam apinhadas de famílias nos seus melhores trajes para as cerimónias das primeiras-comunhões, por isso acabámos por não tirar muitas fotografias.

Claro que depois de tanta caminhada ao sol para lá e para cá, bateu aquela fome. Estava na hora de experimentar mais comidinha da boa, num restaurante que mon mari já conhecia e garantia ser muito bom.

Praticamente à porta da estação de metro Porta Venezia lá está ele, o Maruzzella. Sim, esta era a fila de espera quando chegámos e tentámos a nossa sorte, sem marcação.


O dono, um senhor com barriga ar de quem come muito bem, garantiu-nos apenas uns 20 minutos de espera. Duvidámos, mas creio que na verdade foi mesmo isso que esperámos. Ou isso ou ele passou-nos à frente assim que percebeu que estava ali uma grávida faminta!

Fomos atendidos por um dos pizzaiolos do restaurante, com ar de pessoa já vivida. Do alto da sua sabedoria popular herdada, segundo ele, pelo seu avô, olhou para a minha barriga e deu o seu prognóstico "5 mesi. Una ragazza!". E não é que acertou em tudo?! (o senhor era aquele pequenino ali ao fundo que não se vê a cara)


Quanto ao menu: pizza para um, carbonara para outro, panna cotta e tiramisù. Tudo delicioso!



Quaisquer quilos a mais são pura coincidência!

Outra das zonas onde não podíamos deixar de ir, por ser uma das mais agitadas e cool de Milão, é Naviglio. Restaurantes e bares navegam à volta dos dois canais, se não mesmo em barcos dentro deles. Nós fomos durante o dia e mesmo assim não encontrámos ruas mortas ou vazias.


Esta área está cheia de pessoas e lojas alternativas que vendem desde roupa usada a discos de vinil, passando por peças de arte.

Dizem que é também uma das zonas da moda para se morar em Milão.


De Naviglio até às colunas de San Lorenzo - que ficam ao lado da basílica San Lorenzo Maggiore - é só mais um saltinho a pé.


Embora tivessemos também procurado o anfiteatro romano, escondido atrás desta porta feia na Via de Amicis, por ser domingo estava fechado.


Resta-me deixar algumas notas finais sobre Milão:

- A cidade vê-se bem num fim-de-semana (dois dias completos)

- Há vida para além do Duomo e das lojas caras (nestes dois posts muita coisa ainda ficou por dizer sobre Milão)

- Guardem um tempo para uma saída nocturna na zona de Naviglio 

- Comam tudo a que têm direito (risottos, carbonaras, pizzas, gelados...) porque vão lembrar-se desse sabor por muito tempo e ficar a salivar

- Se não conseguirem comer uma verdadeira pizza em forno de lenha é porque são muito nabos a escolher o restaurante ou cairam num daqueles "para turista ver"

- A estação central não é a mais central. A de Cadorna é que é

- E de Cadorna para o aeroporto é meia-hora no Malpensa Express, este comboio directo que custa 12€ por trajecto


- Tal como Lyon ou Paris, em Milão também existem bicicletas públicas, as BikeMi, mas nós preferimos fazer a cidade a pé

- Em 2015 a cidade vai receber a exposição universal Expo Milano 2015. Vai haver muita coisa a acontecer e isso já se começa a notar


Para quem quiser saber mais detalhes sobre a cidade, vale a pena espreitar o blog Milão nas mãos, escrito por uma brasileira que vive em Milão.

Este post da Natália do Destino Provence também me ajudou bastante a montar o roteiro de dois dias.


Claro que esta viagem não teria sido a mesma sem a melhor companhia de sempre: a dele!


A patissière portuguesa

Às quintas é sempre dia de fazer um docinho para levar para a minha associação. Almoçamos lá naquele sistema de "cada um leva uma coisa para partilhar". Semana após semana ganhei a fama de boa patissière e agora dizem que uma quinta sem os meus bolos já não é a mesma coisa. 

Já tinha esta receita guardada há muitos meses no desktop, mas havia sempre algum dos ingredientes em falta. Hoje tinha tudo em casa, por isso não havia desculpa.


Tenho para mim que ninguém acreditou que fui eu que fiz.

Temo é o dia que vou matar aquela gente toda de diabetes, afinal, estamos a falar de doçaria portuguesa que normalmente até faz ranger os maxilares de tão doce!

A receita original veio daqui:





5.6.14

Liberdade

Passaram-se 25 anos sobre o massacre de Tiananmen. Eu tinha 9 anos na altura, mas lembro-me bem de ouvir falar sobre ele e das imagens sangrentas. 

Hoje, na nossa aula de conversação francesa, discutíamos um artigo sobre o tema e uma das colegas chinesas (bastante mais elucidada do que grande parte dos que já conheci) explicava que por lá não se fala disto "destas coisas". Aliás, lá não se discute política, poucas vezes se faz greve e o controlo é bastante apertado. Ela, que nasceu nesse ano, só ouviu falar do episódio já depois de estar em França. 

Eles vivem numa ditadura e não sabem. 

Só os que vêm "cá para fora" se dão mais ou menos conta disso, ao perceber que há outras realidades tão diferentes da sua.

E nós, portugueses, que vivemos tantos anos de ditadura e lutámos tanto para conquistar os nossos direitos, temos hoje níveis de abstenção acima de 60%. Criticamos sem sequer ter legitimidade para criticar quem não elegemos. 

Sim, estamos fartos, tristes, sentimo-nos derrotados. Mas somos livres.

Com uma Europa onde a extrema-direita volta a ganhar força, é bom que não tenhamos memória curta. Porque foi nos piores tempos de crise que homens como Salazar e Hitler subiram, legitimamente, ao poder.

O Homem do Tanque, a imagem que simboliza a resistência e o massacre na praça de Pequim REUTERS
Via Publico.pt
Para os interessados, deixo dois artigos sobre o massacre de Tiananmen:




3.6.14

Milão (parte I)

Aterrei em Milão sem grandes expectativas. Já me tinham falado numa cidade sem interesse, um pouco feia até. A verdade é que, para mim, não se revelou nada disso. Milão foi uma agradável surpresa!

Pode não ser uma cidade deslumbrante, com o encanto de muitas capitais europeias (e da própria Roma, que ainda não conheço para poder comparar), mas quando estamos bem acompanhados e rodeados das energias certas, todas as viagens podem ser especiais.

Tivemos a sorte de apanhar um tempo ameno e ensolarado, com um enorme céu azul.




O Hotel

Devido a compromissos profissionais de mon mari, ficámos hospedados num local central, mas fora do centro. Quero dizer com isto que o nosso hotel era à porta da estação de metro Pagano, que fica na linha vermelha (a mais central e que nos leva até ao Duomo).

O hotel escolhido foi o Capitol Milano. Decoração clássica, sossegado, pequeno-almoço caríssimo (vale a pena ir fora) e empregados com simpatia zero. Mas, como não estávamos ali para conversar com os empregados, e felizmente não tivemos que lhes recorrer, esse pormenor passou para segundo plano. 


A grande vantagem era que estava localizado bem perto de uma das melhores zonas de restaurantes e lojas.

E por falar em restaurantes, a nossa experiência em Milão não poderia ter sido melhor, ou não tivéssemos sido bem aconselhados por amigos milaneses!

Eu ia com desejos objectivos gastronómicos muito bem definidos e consegui cumprir todos. E, meus amigos, que refeições!!

Na primeira noite jantámos no Ristorante Novecento. Depois de uma entrada simples e saborosa de bufalla com manjericão e tomate, parti para um risotto de pancetta e qualquer coisa, que estava M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! Claro que depois disto tudo, e por mais apetitoso que fosse o ar das sobremesas, não consegui comer nem mais uma migalha.

Mas nem só de risottos vive o Novecento e as pizzas em forno de lenha também estavam com uma cara óptima.

Os pizzaiolos do Novecento em acção

Nota final para a simpatia dos empregados que, com um restaurante cheio, foram sempre atenciosos e tentaram falar o melhor inglês que sabiam. 


Duomo

Claro que ir a Milão e não ir ver a sua atracção central é como "ir a Roma e não ver o papa"! Assim, foi com o céu super azul que chegámos ao Duomo.


Esta incrível catedral impressiona pela sua arquitectura exterior, que está ao nível de uma Sagrada Família. Começou a ser construída em 1386 e para fazer chegar o mármore necessário à sua construção foram feitos na cidade vários canais de água artificiais, dos quais hoje só restam dois (zona de Naviglio).


Claro que com o dia lindo que estava, não pudemos deixar de subir ao topo e apreciar cada detalhe dos seus pináculos (a subida por elevador custa 12€. A entrada na Catedral é gratuita).






Uma vez no Duomo, vale a pena apreciar a enorme movimentação da praça: entre turistas, artistas de rua, vendedores e carteiristas, é preciso estar de olhos bem abertos ao que se passa à nossa volta.



Logo à direita do Duomo estão as não menos famosas galerias Vittorio Emanuele, com várias lojas de marcas (caras). 


Este é um dos shoppings mais antigos do mundo, mas na verdade não tive vontade de comprar ali nada. Passámos por lá "só para ver as vistas" e para nos rirmos com a tal tradição que diz que pisar "as bolas" do touro e rodar três vezes sobre si mesmo dá sorte. Ridículo!


Mesmo à saída das galerias é possível ver a estátua deste senhor que talvez conheçam de nome!


Bom, mas sendo horas de almoço, a nossa barriga já começava era a apontar para o próximo destino: o muitíssimo recomendado Luini.


Ora o Luini é um espaço mínimo que vende uma espécie de cruzamento entre pastel e calzone, recheado com diferentes coisas (queijo e tomate é o original). E sim, o Luini tem uma fila que vai até à esquina, mas não se deixem amedrontar porque aquilo até anda rápido.


Sinceramente não achei assim nada do outro mundo para tanta fama. Os meus olhos ficaram mais colados à montra da famosa gelataria nessa mesma esquina e nas fatias de pizza gigantes do vizinho Spontini (também recomendado pelo nosso amigo e praticamente sem fila)


Tanto o Luini como o Spontini funcionam no sistema "pegar&levar" e comer na rua.

Este almoço não podia terminar sem a sobremesa perfeita...


Nota mental: como foi possível eu só ter comigo gelado uma vez em Itália?!! Preciso lá voltar urgentemente!

(E sim, aquilo ali atrás é um eléctrico como os nossos de Lisboa. Acho que foi isso que também me fez cair de amores pela cidade).

Na segunda parte deste post vai haver mais gastronomia, igrejas e jardins.