21.7.13

Musilac, Aix-les-Bains, Chambéry e várias outras coisas - PARTE 2

Chambéry 

Chambéry entrou para o nosso mapa apenas como ponto de dormida a seguir ao Musilac, mas já que ali estávamos não podíamos deixar de visitar a cidade só para "ver como é".

Quando se entra parece ser uma cidade comum, cheia de prédios feios, mas quando nos aproximamos do centro o cenário começa a mudar e percebe-se que há ali uma cidade bem antiga, com uma história marcada nas paredes. Encontramos, mais uma vez, ruas estreitas, de pedra gasta e escura.



Percorremos os becos em busca de um lugar para almoçar e pelo caminho encontramos algumas praças fofinhas.






Nesta busca por um sítio para comer, acabei por bater os olhos numa espécie de omelete escura (galette) no restaurante Le Gulliver...e não desiludiu, foi simplesmente uma das melhores refeições que comi em França nos últimos tempos e a um preço bastante simpático.

Mas cuidado, porque se estiver a almoçar na esplanada poderá ter que se levantar para deixar passar um comboio turístico que ali passa, mesmo que pareça ser impossível conseguir caber naquela ruazinha.

Em termos de arquitectura das ruas e casas, Chambéry dá-nos a sensação de estarmos já com um pé na Suíça.


Não tivemos muito tempo para explorar o resto da cidade porque tínhamos outros planos para esse dia: passar na tão falada Annecy e ainda chegar à Suíça a tempo de ver o Benfica.


Aix-les-Bains

O caminho foi feito pela estrada secundária (é sempre a melhor opção em termos de paisagem e a qualidade é óptima) e a vista não nos deixou ficar mal. O Lac du Bourger, em Aix-les-Bains fez-nos parar para tirar algumas fotografias e não resistimos a vestir o biquíni e mergulhar.



A água transparente e na temperatura certa agarrou-nos por um bom par de horas. Estando a apenas uma hora de Lyon, certamente esta grande piscina voltará a ter a nossa visita ainda este verão!



Annecy

Passámos em Annecy apenas para assinalar no mapa, já que toda a gente falava desta vila. Depois de ter estado em algumas das mais fantásticas Plus Beaux Villages, Annecy fica um pouco aquém, não só em termos de arquitectura como pela quantidade de turistas por metro quadrado que ali se encontram. Ainda assim tirámos a foto da praxe e comemos um saboroso gelado artesanal. 




Em Annecy temos que fazer o exercício de imaginar a paisagem sem todas aquelas pessoas e comércio... 

A Suíça e o Benfica

O dia terminou do outro lado da fronteira. O destino foi o estádio do Carouge para ver o Benfica. Encontrámos uma multidão de emigrantes portugueses de todas as idades e estratos sociais que hesitavam entre o francês e o português.



O jogo terminou com o Benfica a vencer por 6 a 1 e com um dos vários emigrantes a emprestar-nos francos suíços para conseguirmos sair do parque de estacionamento!

Em pouco mais de 24 horas e alguns quilómetros percorridos, conhecemos mais um pedaço de uma França verde e bem cuidada. O hexágono ainda tem muito por descobrir e o nosso mapa pontos por assinalar.


20.7.13

Musilac, Aix-les-Bains, Chambéry e várias outras coisas - PARTE 1

O nosso caminho pela descoberta de França já conta com alguns Kms e ainda agora começou.

No fim-de-semana passado, o pretexto para nos fazermos novamente à estrada foi o Musilac, festival de música em Aix-les-Bains que já vai na sua 11ª edição. Quer dizer, o pretexto real foram os 30 Seconds to Mars. 
- "Quem?" É a pergunta que mais ouvimos. São aqueles bonitinhos cujo vocalista é actor e que tocam um rock para adolescentes - mais ainda assim gostamos de os ouvir.

Como bons festivaleiros que somos (excepto na parte do acampar e beber litros de cerveja) saímos de casa com o objectivo de ver a banda de Jared Leto, o que nos levou a procurar um local nas redondezas do festival para pernoitar e, com tudo esgotado (ou a preços impraticáveis) em Aix-les-Bains, a escolha recaiu sobre Chambéry, que fica a apenas 10 kms.

O Musilac
Partimos sem saber o que esperar, como seria o recinto, as condições e infraestruturas, as filas para entrar, a oferta de restauração e o público francês. E a boa organização começou a notar-se alguns Kms antes. 
Deixámos o carro à entrada de Aix e apanhámos um dos autocarros gratuitos que faziam o percurso até ao recinto do festival.
Quando chegámos demos com um espaço enquadrado entre o lago e a montanha (quase a lembrar o nosso adorado Marés Vivas com vista para o Douro).



O espaço era grande para as cerca de 20.000 pessoas que lá estiveram naquele primeiro dia. Comparando por alto com os festivais portugueses, houve mais espaço, mais oferta de comida e muito menos filas em tudo.

À semelhança dos nossos festivais também havia dois palcos, só que aqui eram lado a lado. Como funciona então a organização? As bandas começam a tocar à hora marcada e, no palco ao lado, prepara-se o material para o próximo concerto. Quando um termina, entre 10 a 15 minutos depois começa o concerto do palco ao lado. Desta forma o público não tem que ficar uma eternidade à espera da banda seguinte. 

Apesar de achar que estar a assistir à montagem de um palco enquanto os outros tocam ao lado distrai um pouco do essencial - a banda que está em palco - no final das contas é uma forma muito mais organizada de fazer as coisas - bem francesa!

Foto do facebook da organização do Musilac


Os 30 Seconds estiveram espectaculares nessa noite e fizeram tudo para animar um público morninho. Houve bolas, papelinhos, bandeira de França, palavras em francês, a habitual mentira do "está a ser a melhor noite da nossa vida" e ainda assim foi difícil ver uma plateia eufórica. Aliás, sentimo-nos umas aves raras quando cantávamos as músicas e mais ninguém à volta sabia a letra.



Em termos de dresscode, cerveja e personagens estranhos, se não fosse o sotaque francês poderíamos pensar que estávamos num qualquer festival português, mas a frieza deste público é o que mais contrasta com as nossas multidões. O calor do público português é algo que, de facto, não se encontra em mais lado nenhum e talvez seja por isso que as bandas gostam tanto de voltar a Portugal. (Sei que estou a ser imparcial, mas é a minha perspectiva enquanto espectadora)

No final do dia da noite demos uma chance ao Musilac que, sendo a apenas uma hora de Lyon, será adoptado como o nosso festival francês - assim o próximo ano tenha bandas à altura!

17.7.13

Na rota das lavandas (e não só)

Vim para França sem expectativas, é verdade, e quando assim é a possibilidade de nos surpreendermos é muito maior. De França conhece-se Paris, Nice e Marselha, fala-se de Cannes e Côte D'Azur, viaja-se até aos Alpes para esquiar porque "é chique".  

Pessoalmente conhecia apenas Paris, mas tive a sorte de, em Lyon, conhecer alguém que me desafiou a descobrir "a outra França", alguém que já tinha vários roteiros montados e que teve a generosidade de os partilhar connosco (ou direi loucura? é que três dias enfiada num carro com uma pessoa que fala tanto como eu pode ser extenuante!!)

Depois de já nos ter levado até aos Calanques de Cassis, desta feita foi a vez da rota das lavandas. Pelo caminho, algumas das Les Plus Beaux Villages de France e outras cidadezinhas perdidas entre montanhas.

A aventura começa agora...

Dia 1
Saímos de Lyon em direcção a La Garde-Adhémar onde seria o almoço. Encontrámos uma vila calma, apenas com dois restaurantes e poucos turistas. Não é das beaux villages mais surpreendentes mas, como todas as outras, está bem cuidada e mantém a sua arquitectura medieval. Dizem que tem pouco mais de 1000 habitantes mas, sinceramente, se nos cruzámos com 20 deles foi muito. 

É fofinha, mas em menos de uma hora está vista. 



A próxima paragem não foi uma paragem, foram várias! 

É que esbarrámos com campos e campos de lavanda a perder de vista, de uma cor e cheiro incríveis - ou não estivéssemos já na rota das lavandas! Impossível não querer tirar mil fotos, de todas as perspectivas!

As lavandas, mais conhecidas em Portugal por Alfazemas, ganham tonalidades diferentes conforme a perspectiva e luz do sol (acho que lhes sinto o cheiro só de escrever). 





Pelo caminho passámos ainda por Nyons, que nos deu vontade de molhar os pés.



Dada a taxa de ocupação das redondezas, pernoitámos em Manosque, onde também jantámos. 


Se vierem a França preparem-se e tentem jantar antes das 21h/21h30, porque depois dessa hora têm muita probabilidade de ouvir o tradicional "desolé" mas já não servimos mais a esta hora!

Dia 2
Mais campos de lavandas. Em cada estrada que se passa o cenário é roxo, lilás e cheiroso - uma maravilha para os sentidos. Mas é preciso escolher bem as paragens para tentar ter fotos como esta da esquerda e evitar a da direita! (tentem não parar onde virem autocarros)



Seguindo viagem, acho que não estava preparada para o que ia encontrar neste segundo dia: Moustiers Sainte-Marie e Gorges Du Verdon.

Moustiers Sainte-Marie é uma vila construída entre montanhas e regista traços de presença humana há mais de 30.000 anos. 

Mal se avista ao longe, já percebemos que vamos gostar, mas quando chegamos mais perto, ficamos ainda mais impressionados e apaixonados.



É impossível contornar as centenas de turistas que por ali andam, mas é fácil abstrair-nos disso e perdermo-nos nas ruelas da vila. 

Por todo o lado há verde, flores e água a correr entre as rochas.



No topo da montanha, e para quem tiver coragem de subir os 262 degraus, está a capela de Notre-Dame de Beauvoir (aquele ponto ali no cimo com as duas árvores). 

Posso garantir que vale o exercício, mais que não seja pela vista!



Depois de algumas horas em Moustiers Sainte-Marie (garanto que não é fácil ir embora!) seguimos caminho até Gorges du Verdon, que fica mesmo ao lado. E digamos que tudo o que tenha água é "a minha praia!"

Juro que este azul/verde não tem filtro e é mesmo assim!


Gorges du Verdon é zona ideal para quem gosta de natureza e de água. Desde os desportos aquáticos, às caminhadas pela montanha, passando pelo parapente para os mais arrojados, há uma multiplicidade de actividades que se podem fazer, com um cenário mesmo, mesmo espectacular.



Vale a pena guardar umas boas horas para aproveitar a zona.

Dia 3
O terceiro dia foi passado em Sisteron

A cidade não está classificada como beaux village, penso que por ter critérios que não cabem naquela classificação (é grande, tem mais de 7.000 habitantes, etc) mas merecia, porque é incrível e cheia de história. Dizem que remonta à pré-história e que assistiu a várias guerras (religiosas e não só). Trata-se de uma cidade fortificada que  foi em parte destruída em 1944, pelos bombardeamentos anglo-americanos. 



Uma das frases de Sisteron é que ali "um país começa e outro termina", já que é a divisão entre a região de Provence e Dauphiné.

Sendo uma zona muito quente no verão, a Câmara Municipal construiu uma piscina integrada na arquitectura da cidade, onde todos os habitantes podem ir de graça.



Mas atenção que a zona é também conhecida pelo fenómeno das orages: trovoadas e chuva intensa que se levanta de forma repentina, quando meia-hora antes estavam mais de 30ºC e céu azul (que foi o que aconteceu neste dia!).

Deixámos a piscina mais cedo que o esperado, para ir, então, descobrir a cidade.

Ao caminhar pelas ruas, há sinalização clara do caminho a seguir para percorrer a zona mais antiga. 



Mas o percurso não termina sem uma visita ao forte e às muralhas, lá no alto. Nós fizemos a visita debaixo de forte chuva e trovoada, sendo que é ali que estão os pára-raios da cidade - M-E-D-O (não sei como saímos dali vivos)



Confesso que não é fácil seleccionar imagens e informação de um passeio como este. São lugares que só vendo pessoalmente, só sentindo a força da história. 

Não há nada como deixar-se perder em passagens seculares, mergulhar em águas de uma cor que não parece real, ou sentir o cheiro da verdadeira alfazema.

Obrigada a quem nos desafiou, nos guiou por estes caminhos e que, connosco, partilhou gargalhadas, fotografias...e quase a escova de dentes!

12.7.13

Ser dona de casa portuguesa é...

Ir para o duche com o CIF. 

Calma, não me esfreguei com CIF, ainda não cheguei a tanto. Mas há todo um processo de multitasking para poupar tempo limpando o poliban e tomando banho quase em paralelo.

10.7.13

Pérouges

Este post vem um pouco atrasado, mas não podia deixar de partilhar a minha visita a Pérouges.

Pérouges é um daqueles lugares que nos conquista à primeira vista - ou direi visita? Especialmente se formos na altura do ano certa, o que foi o meu caso.

Mas deixem-me contar um pouco sobre esta pequena vila.

Pérouges é uma vila medieval na região de Lyon (Rhône-Alpes), que fica a apenas 35 kms aqui de casa. É também considerada uma das 156 Plus Beaux Villages de França.



Então, assim que vimos um domingo ensolarado pensámos que uma visita a Pérouges seria o programa ideal...e não nos enganámos!

Ao chegar demos de caras com uma vilazinha encantadora, bem cuidada e cheia de flores - um regalo para a vista! 


Claro que tem também vários turistas, mas nada que nos impeça de percorrer tranquilamente as suas ruelas de pedra.



É incrível ver como os franceses têm cuidado com a sua história e fazem questão de a preservar tão bem.

Ao olhar para as casas de Pérouges, vemos claramente a traça medieval e damos por nós a imaginar como seria antigamente. 



E foi numa dessas ruelas que encontrámos uma velhinha bem simpática, disposta a dar-nos uma lição de história (diz uma amiga que eu sou um íman de velhinhas simpáticas!). Era uma antiga jornalista, hoje reformada, que nos contou algumas estórias da história de França.

Entre outras coisas, a nossa guia ocasional contou-nos que foi ali que o Bill e a Hillary Clinton pernoitaram em 1996, aquando da vinda dele para a cimeira do G7 que se realizou em Lyon.


Fiquei também a saber que todas as casas marcadas com uma concha eram os antigos albergues dos peregrinos, locais onde podiam parar, descansar e comer uma refeição.

Adorei este relógio de sol que diz que marcará apenas as horas dos dias bons
Falta dizer que quem vai a Pérouges não pode deixar de provar a famosa Gallete. À primeira vista parece uma pizza doce, mas vale a pena provar uma fatia num dos vários locais que a cozinham em forno de lenha.

Na dúvida sobre o que fazer num domingo de preguiça, Pérouges é sem dúvida uma boa opção!