31.5.13

Allez! On s'accroche!

Ao contrário do resto do mundo, eu não gosto de fazer desporto ao ar livre (OK, fiquem chocados). Talvez por ser uma preguiçosa em reabilitação, preciso do ambiente de um ginásio, preciso de uma aula cheia de gente, de um professor a controlar que não faço batota, que não paro e que ainda solte umas palavras de incentivo pelo caminho.

O facto de ser preguiçosa não é de todo sinónimo de sedentária, se não vejamos: fui nadadora durante 15 anos, fiz mini-trampolim, fiz atletismo (acho que foi aqui que percebi que correr não era para mim) e, mais tarde, já depois de começar a trabalhar, entrei para o ginásio. Entre estas coisas houve talvez um ou dois anos de interregno, mas sempre fui bastante activa.

MAS, isso não quer dizer que o fazia com gosto, com vontade (aquela vontade das pessoas que acordam cedo e cheias de energia - I'm not a morning person). Depois de mais velha a coisa só piorou e ia quase arrastada por mon mari para as aulas (obrigada por não desistires de mim e convenceres-me a ter os batimentos cardíacos a mais de 200 por minuto aos sábados de manhã!).

Depois houve aqui o momento que viemos para França. 6 meses parados, salvo uma ou outra corrida. E isto é um ciclo vicioso, quanto menos exercício fazemos, menos vontade temos de fazer - falo com conhecimento de causa!

O que vale é que ainda assim a minha cabeça tenta sempre contrariar o que o meu corpo me grita. Decidimos então procurar um ginásio e em Março inscrevemo-nos.

Comecei a medo, tímida, mas fui experimentando aulas diferentes, comecei progressivamente a aumentar a frequência das idas, e não é que comecei a gostar?!! Pela primeira vez na vida vou ao ginásio com gosto, com vontade. Talvez o facto de agora ter tempo e não ter stress ajude (muito), ou talvez seja porque o ginásio é ali ao fundo da rua e posso ir a pé, ou então....bem, estou a chegar aos 33 daqui a uns dias e estou a entrar na crise da idade. Será?

Como incentivo, comecei também a seguir no instagram as Gabrielas Pugliesis da vida, as Fabulous Fit, mudei um pouco a alimentação, peguei (literalmente) forte nos pesos e estou a sentir as diferenças no corpo. Estou a gostar e acho que a minha saúde agradece.

E porque em 2009/2010 tinha mais 7 kg(!!) do que tenho hoje (isto numa altura de 1,56m acreditem que faz muiiiita diferença), criei o meu próprio incentivo com o hashtag #2009nuncamais

Sinceramente, acho que mais vale aproveitar antes que a vontade passe.

Agora vou só ali pedalar um bocadinho e já volto!


29.5.13

O fechar de um ciclo

Hoje foi o meu último exame. Estou de férias.

Devia estar contente. Devia, mas ao contrário do que eu mesma estava à espera, fiquei triste. Triste por fechar mais um ciclo. Triste por deixar de estar com aquelas pessoas que vão partir para muito longe - para o outro lado do mundo. 

Dei muito de mim neste semestre. Estudei, fui extremamente assídua, fiz todos os trabalhos de casa, puxei pelos mais tímidos da turma, levei um pouco do calor latino aos, por vezes, frios asiáticos, e agora acabou. Sinto-me como quando acabamos a última página de um bom livro e ficamos a digerir a história sem saber o que vamos encontrar a seguir. É assim que me sinto.

Mas como vários amigos me disseram, preciso perceber que este ciclo que acaba de se fechar me deixou mais rica, que aprendi imensas coisas novas e que hoje o mundo encontra-se muito mais perto. 

Chego aqui com a certeza de que passei a conhecer pessoas nos vários continentes e a com incerteza de nunca saber como vai ser o dia de amanhã que poderá voltar a empurrar-nos para perto uns dos outros.

28.5.13

Oh qu'elle est belle notre chance!



Já aqui referi que me apaixonei por esta cantora francesa, a Zaz, pelo seu ar irreverente, pela sua voz diferente.

Ela acaba de lançar o seu novo album com este single "On ira". A letra é fantástica, fala da sorte de podermos misturar as nossas diferenças, cruzar os nossos destinos com pessoas de todo o mundo. 

Depois de, já em França, ter cruzado a minha vida com pessoas do Brasil, Japão, China, Tailândia, Argélia, Coreia, Indonésia, México, Colômbia, Rússia, Turquia e Geórgia (não sei se me está a faltar alguma nacionalidade), esta música faz-me ainda mais sentido:


On ira écouter Harlem au coin de Manhattan
On ira rougir le thé dans les souks à Amman
On ira nager dans le lit du fleuve Sénégal
Et on verra brûler Bombay sous un feu de Bengale

On ira gratter le ciel en dessous de Kyoto
On ira sentir Rio battre au cœur de Janeiro
On lèvera nos sur yeux sur le plafond de la chapelle Sixtine
Et on lèvera nos verres dans le café Pouchkine

Oh qu'elle est belle notre chance
Aux milles couleurs de l'être humain
Mélangées de nos différences
A la croisée des destins

Vous êtes les étoiles nous sommes l'univers
Vous êtes en un grain de sable nous sommes le désert
Vous êtes mille pages et moi je suis la plume
Oh oh oh oh oh oh oh

Vous êtes l'horizon et nous sommes la mer
Vous êtes les saisons et nous sommes la terre
Vous êtes le rivage et moi je suis l'écume
Oh oh oh oh oh oh oh

On dira que le poètes n'ont pas de drapeaux
On fera des jours de fête quand on a de héros
On saura que les enfants sont les gardiens de l'âme 
Et qu'il y a des reines autant qu'il y a de femmes

On dira que les rencontres font les plus beaux voyages
On verra qu'on ne mérite que ce qui se partage
On entendra chanter des musiques d’ailleurs
Et l'on saura donner ce que l'on a de meilleur

[...]

24.5.13

Porque nunca é tarde para mudar

E não estou a falar apenas de mudar de emprego, profissão ou, em casos extremos, mudar de país. Mudar pode estar na nossa atitude, na nossa vontade, na nossa determinação.



20.5.13

Até lá a baixo: Cassis, Roussilon e Gordes

Estamos a completar oito meses em França e ainda não tínhamos conseguido conhecer outra cidade que não Lyon. Os motivos? Vários! Primeiro foi o processo de chegada e adaptação. Depois foi achar a casa, limpá-la e decorá-la. Depois veio o frio (veio e ainda não foi embora, há que dizer!). Um inverno longo, muito mais rigoroso que o português e com ele a vontade de ficar em casa. E, por fim, faltava companhia, que, convenhamos, era o mais importante!

Ultrapassados todos estes pontos, surge, numa conversa de amigos, a ideia "e se fizéssemos alguma coisa nos feriados de Maio?". A ideia deixou toda a gente empolgada e a Mirelle, como boa blogger de viagens que é, ficou encarregue do roteiro e do aluguer da casa (através do Airbnb). 


O destino foi o sul de França. Fomos em busca do sol e de temperaturas um pouco mais amenas e conseguimos encontrá-las! Quisemos fugir aos lugares mais turísticos e habituais como Cannes, Nice e afins. Então a cidade escolhida foi Cassis (lê-se Cassi).



Cassis é banhada pelo mediterrâneo e tem perto de 8.000 habitantes. É conhecida pelas suas falésias e calanques, uma formação rochosa em forma de vale por onde o mar entra.



Sabíamos que teríamos uma bela caminhada a pé até à praia, mas nunca imaginámos quão difícil e recompensador seria. Difícil porque para chegar aos calanques é preciso passar por um percurso de pedras e rochas muitos íngremes, numa caminhada de cerca de 3h e 9 kms. E recompensador porque a vista é incrível, de tirar a respiração.


Chegar à primeira calanque é ter já acesso a uma boa vista, mas alcançar a última é ir para outro nível (de dificuldade e beleza!).



O melhor foi o nosso ar de veraneantes com vestidos levezinhos, toalha e bola de voley debaixo do braço e por nós a passar grandes adeptos de caminhada com todo o seu kit de mochila, cantil, corta-vento, bastões e ténis artilhados que olhavam para nós como "coitados, não sabem no que se estão a meter. Nunca vão chegar lá a baixo!". 

Mas contra todos os olhares e palpites, chegámos. E foi o máximo! 



Pelo caminho aproveitámos para fazer o pic-nic que vai ficar para a história como o pic-nic com a melhor vista de sempre!

Como disse por lá, senti que estava na Tailândia da França, mas com a água gelada. Ainda assim não podia deixar de dar o meu primeiro mergulho do ano. Gelei até aos ossos, mas fui de cabeça!

E gostámos tanto que no dia seguinte voltámos. Porém, descobrimos um percurso de "apenas" uma hora de caminhada, mas muito menos íngreme e rochoso do que o do dia anterior.







O silêncio daquele lugar é incrível, mas agora digam lá a um grupo de portugueses e brasileiros de bem com a vida para caminhar em silêncio? Impossível!! Acho que toda a praia ficou a saber quem nós éramos e ao longo do percurso foram várias as pessoas que ficaram curiosas para saber de onde era aquele divertido grupo. Discrição não é o nosso forte, confessemos!


Depois de três dias fantásticos, ao quarto dia era hora de regressar. Mas voltar a fazer 300 km em auto-estrada seria uma seca e a Mirelle ainda nos tinha reservado mais algumas surpresas!



Regressámos por estradas secundárias com o objectivo de ver duas das 157 Plus Beaux Villages de France: Roussillon e Gordes. Queríamos ver também os campos de lavanda, mas o S. Pedro não está a colaborar muito este ano e as flores estão a florir bem depois do previsto.
À esq. Roussillon no pico da tarde e à dir. Gordes ao entardecer

Na memória ficam as imagens das paisagens, os sons das gargalhadas, as palavras de incentivo nas partes mais difíceis do percurso, e a certeza que nunca é tarde na vida para fazer bons amigos!

18.5.13

Muda! #3

Parece-me que este está a ser um tema recorrente aqui no blog, mas a verdade é que há muitos motivos para se falar dele, e ainda bem.

Pois que hoje o meu país me deixou orgulhosa com a aprovação da lei da co-adopção por casais homossexuais. Na verdade ainda não é bem aquilo que se queria, mas é já um grande passo. 

Não fosse a p#$a da crise e assim de repente não veria outro país onde quisesse mais viver que Portugal!

16.5.13

Muda! #2

Desde a criação do Dinheiro Vivo que este é um dos meus meios de comunicação preferidos (a par do i), não só pela qualidade, como pela capacidade de inovação e pelos excelentes jornalistas que lá trabalham (e com quem tive o prazer de trabalhar de perto). 

Hoje apresentam esta infografia que não podia deixar de partilhar:

Link

Fala sério

Depois da injusta derrota de ontem do Befica, hoje, em pleno meio de Maio, voltámos a temperaturas de 8ºC e chuva, muita chuva. A sério, ninguém merece!