5.5.14

Ah, boa vida!

Outro dia dei com este texto do José Cabral (rapaz que sempre achei muito bem apessoado) e não pude deixar de me identificar. 

As pessoas têm uma necessidade incrível de nos rotular, e agora que emigrei e estou sem trabalhar sinto ainda mais isso na pele. 

Onde me encaixo? A que grupo pertenço? Ser uma "dona de casa" é hoje visto como ser uma desocupada, uma "dondoca" (como tantas vezes ouço) que supostamente tem tempo para tudo. É sentir que somos reduzidos a um papel insignificante. 

Tal como o José escreve no texto, as pessoas estão mais preocupadas em perguntar-me como ocupo os dias, do que em tentar perceber como me sinto ou do que gosto. Já me habituei.

Ora então se me dão licença vou só ali não fazer nada só para ficar com a fama, mas também com o proveito!

In Jornal Metro

4 comentários:

Unknown disse...

Muito bom Vera! Apoiada! Tenho a mesma impressão daqui do outro lado do Atlântico, as pessoas não nos conhecem nem querem nos conhecer. Querem saber que papel cumprimos e nos julgam por isso. Se digo qual é minha profissão não importa se sou honesto ou não, o que importa é o exterior, é o título! Vamos ser gente, seres humanos confiáveis e felizes. E os incomodados que fiquem seu incômodo! Abraços

Professora Zulmira disse...

Obrigada pela postagem e pela crônica. Gostei muito de ter lido ambas. Fazem-nos refletir sobre aspectos importantes da nossa vida e sobre atitudes sociais que merecem crítica.

Carochinha disse...

É a velha máxima: tudo comunica. Onde estudamos, de onde somos, o que fazemos, onde moramos. Pequenas palavras que parecem dizer muito de nós. Ou não.
Quando digo que saio às cinco olham-me de soslaio. "Grande vida!". Não é na verdade, quando volto para casa sozinha e penso nas pessoas que gostava de ter à minha beira e não tenho. Mas para chegar aí seriam necessárias várias perguntas.
Perco a lógica da crónica mas também compreendo porque nos colocamos a nós e aos outros em "caixinhas".
Beijoca

PS: Eu estou ansiosa por poder ser "dondoca"! :)

Ana Rita Ferreira disse...

Vera, muito bem dito(escrito)!
Beijinhos com saudade