Ir ao Brasil é voltar de alma cheia: pessoas calorosas,
boa comida, fruta sem igual, alegria de viver, mesmo que, por vezes, seja com
pouco. No Brasil vive-se com uma (des)organização só deles. Vive-se bem,
vive-se mal, os preços são ridiculamente caros para a realidade brasileira. Mas
a vida não para e dá-se sempre um jeito.
Mas depois, depois há o choque de voltar. Os franceses
são frios, contidos, certinhos, cheios de regras (demasiadas). Tudo funciona,
tudo está no lugar, as cidades estão limpas e organizadas, há segurança. Mas
falta aqui qualquer coisa. Falta um sorriso aberto, uma porta aberta, uns
braços abertos, uma mesa partilhada. Falta uma música a tocar ao virar da
esquina.
Chegar ao Brasil (e a Portugal) é sentir na pele a música
da TAP cantada pela Mariza que diz: “Sabes que vou chegar de braços abertos”.
Chegar a França é chocar de frente com olhares pudicos, braços cruzados e muros
sentimentais.